terça-feira, 19 de maio de 2009

O pedinchar de Paulo Rangel

Com a devida vénia transcrevo parte do post publicado hoje no jumento.blogspot.com:

Andam os economistas de todo o mundo em busca de uma solução para a crise e eis que ela surge no primeiro cartaz do PSD dedicado às eleições europeias, basta recorrer aos fundos europeus. Paulo Rangel não quis ficar sozinho a propor a solução e ainda nos pergunta se assinamos por baixo.
O cartaz tem uma vantagem, é genuíno na medida em que evidencia a visão pacóvia que muitos políticos portugueses têm da Europa, vêm-na como uma imensa vaca que está pronta para tugir sempre que precisamos de dinheiro. Lamentavelmente é um político jovem que nos propõe tal visão, prova de que o problema de Paulo Rangel não está apenas na forma como faz as pazes com o espelho, é mesmo um político velho.
A proposta de Paulo Rangel não revela apenas uma visão pacóvia, evidencia ignorância, faz pensar que os fundos comunitários são cavados num buraco em Bruxelas. O que Paulo Rangel está a dizer é mais ou menos isto: como nós somos muito espertos os alemães, franceses, italianos, espanhóis e outros estados-membros vão entrar com a massa para que possamos fazer, bem, fazer o quê? Para ele ser um bom político é coseguir "sacar" mais dinheiro a Bruxelas, pouco importa quem ou como o pagamos ou como o vamos utilizar.
Como calculo que Paulo Rangel não se refere a ajuda alimentar nem a formação profissional (para isso já deram quando Cavaco Silva foi primeiro-ministro) só pode estar a pensar em obras, precisamente as obras que tem rejeitado, começando pelo TGV, um projecto apoiado desde sempre por Bruxelas.
Este cartaz mostra que para Paulo Rangel estar na Europa significa andar a pedinchar, a arranjar truques para que os outros europeus nos mandem mais dinheiro, como se fossemos beneficiários do rendimento mínimo da Europa. Com este cartaz o PSD propõe a institucionalização da pedincha, quer que votemos em deputados para que eles façam o papel de mendigos do país no Parlamento Europeu. Este cartaz de Paulo Rangel é pior de que mau, é humilhante para Portugal e para os portugueses.